sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa com um piquinho de retinopatia

Eu tenho para mim uma teoria muito científica e esclarecedora, que tenho partilhado com alguns de vocês e agora torno um bocadinho mais pública (sim, com mais uma ou duas pessoas que leiam o blog, vá!).
Deus- e assumindo a sua existência quer pelo respeito das crenças dos outros, quer pelo restinho de medo que todo o mortal tem, mesmo no âmago da sua descrença, de estar completamente sozinho- é diabético!
Só pode! São muitos anos a festejar o Natal e a Páscoa como convidado principal. Não há pneuzinho que aguente. Para além disso, com a quantidade de freiras que vai parar ao Céu, doces conventuais devem ser o doce da casa lá de cima. No céu não há escadas, não há ginásios, é tudo facilitados aos comuns cristãos cumpridores de sua vida de sacrifícios em prol do descanso final. Ora doces e descanso dá diabetes, todo o leigo sabe (que em Portugal é tb médico, que isto a minha vizinha é que sabe e o médico acha que estudou mas não percebe nada da vida, o fedelho!)!
Portanto, fazendo contas aos anos de existência do Senhor Deus, parece-me que a evolução da diabetes já vai longa, e as complicações estão à vista!
Primeiro a retinopatia. Sim, tenho para mim que Deus tem retinopatia diabética e das proliferativas - o que é uma chatice, porque duvido que algum oftalmologista, mesmo dos mais agnósticos, se atreva a disparar laser para dentro da retina do Deus Todo Poderoso!
A retinopatia tem portanto vindo a proliferar e Deus está nesta altura num estado de défice de acuidade visual perigoso... Deus não vê pessoas nem países: vê vultos! E julga e orienta vultos! - - "ah, que vulto tão singelo, que homem tão certinho, sempre dum lado para o outro, depressinha, deve ser trabalhador...vou ajudá-lo a ter sucesso"-...e pumba, era o Vale e Azevedo!
- "ah que vulto tão feminino e frágil...vou dar-lhe uma avó rica que cuide dela para sempre!"...e pumba, era o vulto do Castelo Branco!
- "ah, que vulto tão luminoso, quase que me cega, bom não deve ser, vou acabar com ele!"...e pumba, era o Pólo Norte!
Eu podia enumerar muitos mais exemplos, mas acho que é compreensível a veracidade do meu argumento.
Preocupa-me contudo, a evolução renal! Tenho para mim que esta seca que se faz sentir nada mais é que um sinal de oligúria do caro Deus. É que, já se sabe, não há retinopatia que não se acompanhe de insuficiência renal, mais dia menos dia...
Agora pergunto-me, como se fará hemodiálise ao Deus! Até porque ele tem mais de 65 anos e se depender da Ferreira Leite, já só no privado!
Acho que Deus está em apuros e isso põe-nos em apuros também!
Vai na volta a crise não é económica mas sim um coma diabético do Deus, que o põe confuso e o faz fazer mal as contas e dar dívidas ao BPN e subtrair subsídios em vez de os somar. Vai na volta é isso!
Estamos na Páscoa, e em vez de doces ou ovinhos, ofereço desde já a Deus uma caneta de insulina embrulhada em fita de Cetim (há que ser clássico, que o Deus ainda não deve admirar estes novos pseudo-embrulhos que se fazem com saco simples de papel com a desculpa de que se é ecológico). Olhe que agora até há umas de libertação prolongada. É só tomar antes da ceia e de manha, antes do terço, picar o dedinho para ver o açúcar! Para quem é pregado anualmente, uma picadinha no dedo por dia não deve fazer assim tanta diferença, caramba!
Senhor Deus, peço-lhe então que reconsidere esta minha oferenda.
Não se esqueça que a seguir à retinopatia e nefropatia vêm as amputações e os enfartes e, sinceramente, a coisa já está mal suficiente assim, portanto tende piedade de nós e controlai lá as glicémias que já não há pachorra, sim?

terça-feira, 13 de março de 2012

Doce da casa...DE QUEM???

Se há coisa que me irrita é a entidade "doce da casa"!
Não há restaurante nenhum que não ostente tal sobremesa no cardápio, dando-lhe sempre destaque único e pessoal!
E quando perguntamos algo como "é, isto é aquela coisa com bolacha e nata?" invariavelmente respondem-nos sempre com um ar emproado "sim, mas o nosso é feito com....também...e leva um bocadinho de...!"
Ó senhores!! Por favor!!!
Primeiro: o doce não é um doce, é uma mistura de restos de ingredientes de outros doces!
Segundo: não é nenhuma grande diferença entre misturar as natas, mexê-las ou abaná-las. Isto é uma sobremesa, não é um martini! (e para o caso de terem ideias a ler isto, não, não lhe juntem uma azeitona!!!)
Terceiro e último: não chamem doce da casa à sobremesa que é justamente comum a todos os restaurantes!
Um cliente quando vê doce da casa acha no seu inocente entender de leitor de cardápio, que vai provar uma iguaria original. Ora o que vocês estão a fazer, seus assassinos de papilas gustativas, é uniformizar todo o nosso percurso degustatório! Como se a tasca do Zé e o Restaurante Jean Claude, no final da refeição, soubessem ao mesmo: nata, bolacha e um cremezinho que até cheira e parece ovo, mas...hummm....não é!!!
E o que me aborrece mais é que, no fundo no fundo, todos nós acabamos por pedir a tal sobremesa, com aquela esperança de, desta vez comer algo de facto original! E pronto, lá vem a mixórdia mais ou menos ornamentada, mais ou menos bem servida, mas que, no fundo, é a mesma mixórdia!
Acho mal e irrita-me!
Apetece-me perguntar (e receio que num dia em saída de banco e com a tolerância a zero o fiz num restaurante qualquer que abrigou o meu estómago faminto e ensonado), doce da casa de quem?!?! Se é da sua coma-o você!
Sugiro a mudança do nome para "aquele doce". É mais engraçado, provoca suspense nos estrangeiros e os portugueses ficam logo a saber que doce é, sem ilusões! E assim, saberemos que quando virmos "doce da casa" iremos provar algo que o chefe de cozinha elaborou com a sua criatividade e bom gosto e não a mixórdia-ataca-papilas do costume!